PRF do Rio é a força mais temida pelos bandidos
Passando por grandes mudanças estruturais nos últimos três anos — incluindo o afastamento de mais de 70 maus agentes e troca de fardas —, a Polícia Rodoviária Federal melhorou seu desempenho e hoje é a força policial mais temida pelos bandidos no Rio, servindo de exemplo para outras instituições. Com a migração dos traficantes para roubos de carga, a maior parte das dez rodovias federais que cortam o estado — loteadas por facções criminosas, conforme O DIA revelou com exclusividade em dezembro, e onde 152 pessoas foram vítimas de homicídios no ano passado — virou campo de batalha entre criminosos e patrulheiros da PRF. Neste novo cenário, até o uniforme dos agentes está mudando e passará a ser feito de material resistente usado por combatentes nas guerras do Golfo e do Iraque.
Desde setembro, já houve pelo menos 20 intensos tiroteios nos quase 1,5 mil quilômetros de malha rodoviária da União, principalmente nas mais violentas: BR-040 (Rio-Petrópolis), BR-116 (Via Dutra), em toda a extensão da Baixada Fluminense, e BR-101 ( Niterói-Manilha), altura de São Gonçalo.
“Não passamos uma semana sem uma ou duas trocas de tiros com ladrões de cargas. À medida que as quadrilhas intensificam ataques, nós repensamos taticamente estratégias de defesa e ataque”, diz o superintendente da PRF-RJ, José Roberto Gonçalves de Lima Neto, que conta com 740 homens, 360 a menos que na década de 1980.
No jogo de ‘gato e rato’, a PRF tem levado larga vantagem. A corporação bate recordes de prisões e apreensões de drogas e armas. Só para se ter uma ideia, graças às ações do setor de inteligência, combinado com armamentos e viaturas modernas, entre elas um helicóptero — que passará a atuar todos os dias a partir de março, e não mais em casos pontuais —, cães farejadores e equipamentos eletrônicos portáteis, no ano passado, nas dez rodovias, onde passam 80 mil veículos por dia, o número de prisões de suspeitos e foragidos da Justiça chegou a 3.987 (média de uma a cada duas horas). Aumento de 418% em relação a 2015.
Na quinta-feira, a pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, a PRF prendeu, na Via Dutra, Ary Costa Filho, acusado de ser um dos operadores do suposto esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. “É a confiança em nosso trabalho”, orgulha-se o superintendente De Lima, ressaltando que nos dois últimos anos as apreensões de droga cresceram 55%, no caso de maconha (23,1 toneladas), e 233% em relação ao crack (65 kg), além de mais de 400 armas e explosivos. Cocaína foram 570 kg entre 2015 e 2016, quando 1.070 veículos roubados foram recuperados (aumento de 27%).
As ações da PRF, com cobertura de um helicóptero que auxilia operações em terra, visam também a garantir a segurança dos agentes. Nos dois últimos anos, nenhum deles morreu em serviço, em quase 2 mil missões.
Agentes exemplares e que ganham bons salários
A mudança de uniformes da PRF em todo o país — com o azul marinho também passando a predominar nas camisetas junto com o bege das calças e botas, e não mais só o bege — ocorrerá até julho. O novo tecido, mais fresco no calor, importado dos EUA, é mais resistente a chamas, tem proteção contra radiação solar, possui repelência à água, propriedades antimicrobianas e é resistente a rasgos, trações, alongamentos e desbotamento.
O novo uniforme vai consolidar de vez a nova imagem da PRF, que hoje só aceita agentes fichas-limpas; com formação superior, que recebem bons salários (entre R$ 7 mil a R$ 14 mil); e contam com palmtops individuais para identificação imediata de suspeitos e carros. No Rio, a superintendência, que possui assessoria de comunicação modelo, atribui o sucesso da corporação também a uma parceria com o Batalhão de Operações Especiais (Bope), com treinamentos de agentes para áreas conflagradas pelo tráfico, e à nova Base de Operações Aéreas, no entroncamento da Via Dutra e Avenida Brasil.