Suíça diz que seguirá investigando Petrobras e Odebrecht
Mesmo com a confissão da Odebrecht e da Braskem – petroquímica do grupo em sociedade com a Petrobras – de crimes de corrupção e a obrigação de pagar 211 milhões de francos suíços (US$ 205 milhões ou R$ 682,1 milhões), com um confisco de suas contas secretas, o Ministério Público da Suíça informa que as investigações não vão ser encerradas.
“As investigações do escritório do procurador-geral nesse contexto de Petrobras e Odebrecht vão continuar, independentemente da conclusão dos processos relacionados especificamente à Odebrecht SA e suas subsidiárias”, apontou o Ministério Público suíço, em um comunicado.
O montante da multa a ser paga faz parte de um pacote mais amplo que envolve um acordo de leniência com Estados Unidos e Brasil, em um total de R$ 6,9 bilhões. Para os suíços, a multa aplicada nesta quarta-feira, 21, pelos três países representa “um marco internacional no combate à corrupção”. Na avaliação do MP, a meta foi a de “confiscar os ganhos obtidos por meio de atos criminais, com base nos diferentes fundamentos jurídicos do Brasil, Estados Unidos e Suíça e depois repartir os valores entre as três autoridades”.
No total, existem cerca de mil contas bloqueadas envolvendo pessoas que receberam recursos das empresas brasileiras, além de cerca de US$ 600 milhões (aproximadamente R$ 2 bilhões) que continuam bloqueados nos bancos do país.
Beneficiados
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o foco do processo neste momento é o de identificar todos aqueles que tenham se beneficiado de propina. Em documentos confidenciais dos tribunais suíços, investigadores deixam claro que políticos brasileiros estão entre os supostos beneficiados, além de partidos.
De acordo com os suíços, mais de 60 investigações criminais foram lançadas desde 2014, envolvendo a Petrobras e empresas ligadas à Operação Lava Jato. “Várias empresas no setor da construção pagaram propinas para garantir contratos”, diz o MP suíço. “As contas dessas empresas mostraram o envio de recursos, que então eram transferidos entre várias contas de empresas offshore para facilitar o pagamento da propina”, explicou o MP do país europeu.
Conforme o Estadão revelou em outubro, a Odebrecht havia criado uma “rede de contas” para camuflar os pagamentos.