Lava Jato mapeia propina da Petrobras até Eduardo Cunha e mulher
A força-tarefa da Lava Jato debruçou-se para desvendar o caminho da propina paga ao presidente da Câmara dos Deputados afastado, Eduardo Cunha e de sua mulher, Claudia Cruz. Pelo menos dez operações bancárias foram feitas, entre 2011 e 2014, na tentativa de camuflar o pagamento da vantagem ilegal. Nesta quinta-feira (09) a jornalista e outras três pessoas tornaram-se réus na Lava Jato acusadas de corrupção e lavagem de dinheiro, segundo o jornal Globo.
Pelo mapa dos investigadores, o dinheiro começou seu caminho no dia 3 de maio de 2011 com o pagamento da Petrobras à petroleira Compagnie Béninoise des Hydrocarbures Sarl (CBH), que tinha o controle de um campo de petróleo em Benin, na África. A empresa é propriedade do português Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, que também virou réu nesta quinta (9).
No momento que recebeu o pagamento, o empresário transferiu de US$ 31 milhões para sua Lusitania Petroleum, que, controla, entre outras empresas, a própria CBH. Dois dia depois, no dia 5, a empresa depositou US$ 10 milhões na offshore Acona, de propriedade do lobista João Augusto Rezende Henriques, operador do PMDB no esquema da Petrobras. Os valores da propina na negociação corresponderam a quase um terço do total que a Petrobras pagou pela área em Benin.
Com o dinheiro na conta, Henriques distribuiu o pagamento ilícito. Da offshore Acona, 1,3 milhões de francos suíços foi depositado na conta Orion SP, de propriedade de Cunha, por meio de cinco transferências bancárias entre os dias 30 de maio e 23 de junho de 2011.
Para os investigadores, em abril de 2014, com a Operação Lava Jato em curso, Cunha faz uma série de novas operações bancárias para tentar esconder a propina recebida. No dia 11, o deputado transfere 970,2 mil francos suíços e 22 mil euros para a conta Netherton, cujo beneficiário final era ele próprio.
Quatro meses depois, em agosto de 2014, o peemedebista realiza uma transferência de US$ 165 mil da conta Netherton para a offshore Köpek, em nome de Cláudia Cruz. Além dessa atividade, os investigadores afirmam que, desde 2008, a offshore Köpek já era abastecida por outras contas secretas em nome de Cunha.
O restante do valor da propina paga pela CBH para fechar o negócio com a Petrobras — cerca de US$ 8,5 milhões —, depositado na conta de João Augusto Rezende Henriques, foi distribuído para outras offshores cujos beneficiários ainda não foram identificados, segundo as investigações. Para o Ministério Público Federal, outros agentes públicos podem ter recebido propinas nessa operação.