Ganhamos uma vizinha nova e rara: Uma galáxia quase invisível
Nossa galáxia Via Láctea vista desde a ilha francesa Reunião no Oceano Indico. Sabemos que existem algumas dezenas de galáxias que circulam ao seu redor. Nós temos mais um vizinho galáctico recém-descoberto.
Os astrônomos dizem que descobriram recentemente uma galáxia anã elusiva orbitando em torno da nossa Via Láctea. Sabemos que existem algumas dezenas de galáxias circulando a nossa, como diz a New Scientist.
Nosso mais novo vizinho chamado, Crater 2, é o quarto maior, de acordo como o estudo publicado na revista Monthly Notices, da Sociedade Astronômica Real. (A maior galáxia satélite da Via Láctea é a Grande Nuvem de Magalhães [Large Magellanic Cloud], que está a aproximadamente 200 mil anos-luz daqui.)
A Crater 2 está localizada a uns 400 mil anos-luz, disse o coautor do estudo Dr. Vasily Belokurov, astrofísico do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge.
“Está é, de fato, uma rara descoberta” contou Belokurov ao Huffington Post. “Uma galáxia como a Crater 2 é quase um objeto invisível”.
Parece estar alinhado a vários outros objetos astronomicamente próximos que podem nos ensinar como nosso grupo de galáxias são formadas.
Os pesquisadores do Instituto de Astronomia de Cambridge descobriram a galáxia anã em janeiro quando usavam um algoritmo no computador para apontar onde existiria um número mais significativo de aglomeração de estrelas nas imagens tiradas do espaço, além da Via Láctea.
Eles identificaram um conjunto de estrelas jamais vistas — e concluíram que era evidência de uma galáxia anã.
Uma análise das informações revelou que a Crater 2 é aproximadamente da mesma idade que o universo e seu tamanho angular é pelo menos duas vezes o tamanho da nossa própria lua.
Uma ilustração do artista sobre a aparência da Crater 2 teria a aparência de ser alguns milhares de vezes mais luminosa do que ela realmente é. A Lua é vista na escala, para servir de comparação. “Nós descobrimos muitos objetos similares nos últimos 10 anos, mas nunca desse monstruoso tamanho”, disse Belokurov.
“É de uma magnitude menos luminosa comparada à maioria dos objetos de tamanho semelhante. É extremamente difusa. Acreditamos que tenha nascido assim suave. Mas o motivo, ainda não sabemos”.
Dr. Jay Pasachoff, astrônomo do Williams College em Massachusetts, que não estava envolvido na nova descoberta, disse que encontrar essa galáxia tênue e difusa faz parte de uma bela pesquisa.
“É sempre divertido descobrir um vizinho próximo que não conhecíamos e a galáxia anã Crater 2 entra nessa categoria”, disse o coautor de O Cosmos. “Parece estar alinhado com vários outros objetos astronomicamente próximos que podem nos estar ensinando como nosso grupo de galáxias se formaram”.
A Grande Nuvem de Magalhães e outras galáxias que orbitam são vistas no Observatório Paranal no Deserto do Atacama, no Chile. A mesma equipe de pesquisa descobriu um tesouro escondido de nove galáxias anãs orbitando nossa Via Láctea ano passado.
Na época o Dr. Sergey Koposov do Instituto de Astronomia de Cambridge que liderou o estudo anterior, disse em um comunicado, “A descoberta de tantos satélites nessas pequenas áreas do céu foi completamente inesperada … Eu mal conseguia acreditar”.
Há aproximadamente 10 anos atrás apenas uma dezena de galáxias satélites anãs tinham sido identificadas ao redor da Via Láctea. Mas Belokurov disse que ele e seus colegas desde então têm descoberto várias dezenas mais.
“Apenas nos últimos dois anos, o número de galáxias satélite conhecida na Via Láctea dobrou, em sua maioria graças à Câmera de Energia Escura no telescópio Blanco, de 4 metros, localizado no Chile”, disse o Dr. Evan Kirby, professor assistente no Departamento de Astronomia & Astrofísica de Caltech, que não estava envolvido na pesquisa, ao HuffPost.
“Essas galáxias são concentrações intensas de matéria escura”, acrescentou. “Se há um lugar no universo onde podemos olhar e aprender sobre a matéria escura, esse lugar é ali, nas galáxias anãs. Como ela é distribuída? Do que é feita? Observações futuras, especialmente em espectroscopia, ajudarão a responder essas questões”.
As galáxias anãs são do tipo mais numeroso de galáxia no universo. “Embora não possamos dizer com certeza ainda que este tipo particular de galáxia anã é a mais velha do universo, no geral elas são”, disse Belokurov.
“Elas são os primeiros sistemas a serem montados, então elas contêm informação sobre a densidade dos gases e as eficiências de tornar o gás em estrelas”, acrescentou. “Assim como vimos em estudos complementares de objetos similares, muitas estrelas nelas parecem ser as descendentes diretas das primeiras estrelas no universo.”