Suspeito de matar três irmãos é acusado de cometer 30 homicídios em Salvador
O traficante de prenome Ednelson, suspeito de envolvimento em um triplo homicídio no bairro de São João do Cabrito, em Salvador, na noite desta quarta-feira (17), é investigado pela polícia como autor de outros 30 homicídios na região da Avenida Suburbana. “É o bandido mais violento atualmente do Subúrbio. Ele tem, seguramente, umas 30 mortes nas costas e já responde em inquérito policial por muitas delas”, declarou o delegado Nilton Borba, titular da 5ª Delegacia (Periperi).
Acusado de participação na morte dos irmãos do Tiago, João Mateus e Elias, o bandido está foragido. “Ednelson fugiu há cerca de um ano de uma unidade prisional do Complexo Penitenciário da Mata Escura e, desde então, continua no Boiadeiro, onde foi nasceu e se criou”, contou o delegado que, em seguida, explicou a dificuldade em prender o bandido.
“O Boiadeiro é cercado por uma mata fechada que ele (Ednelson) conhece como a palma da mão. Por isso a dificuldade em prendê-lo. Mas a gente está empenhando esforços para capturá-lo”, garantiu Borba.
Elias Nascimento Brito dos Santos, 19 anos, e os dois irmãos adolescentes, João Mateus Brito dos Santos, 17, e Tiago Nascimento Brito dos Santos, 16, executados dentro de casa em São João do Cabrito, segundo a polícia, faziam parte do Bonde do Maluco (BDM), grupo ligado à facção Caveira. O BDM tem como rival a quadrilha de Ednelson, aliada à Katiara.
Além da possibilidade de o crime ter sido motivado por disputas por bocas de fumo, o dele também considera a possibilidade de as mortes estarem relacionadas ao envolvimento de um dos rapazes com a mulher de um traficante ligado a Ednelson.
Pai dedicado
Há cerca de um ano, Elias, João Mateus e Tiago moravam com o pai, Antônio Carlos Brito dos Santos. “O pai deles trabalhou como frentista, marceneiro, e atualmente vendia frutas de porta em porta para garantir o sustento dos filhos”, contou uma moradora de São João do Cabrito.
Segundo ela, a vida de Antônio Carlos era voltada à preocupação com os filhos. “Cansei de vê-lo procurando pela rua os meninos às 3h da madrugada. Ele é um pai dedicado e não merecia isso”, lamentou. Ao saber da morte dos filhos, o vendedor passou mal e foi socorrido a uma unidade médica.
Mãe presenciou crime
Antônio Carlos vivia com a mãe dos jovens, a cuidadora de idosos Rosilene Nascimento Brito, até o início do ano passado. Até então, o casal de evangélicos se separou sem brigas. “Ela deixou ele porque não havia mais afinidade. Foi tudo tranquilo”, comentou uma prima dos jovens assassinados. De acordo com ela, Rosilene foi está em estado de choque. Segundo a polícia, ela estava em casa quando os bandidos chegaram para matar os rapazes. A polícia não informou se ela chegou a ser ameaçada.
Quando se separou de Antônio Carlos, Rosilene passou a morar em Camaçari, mas vinha com frequência ao São João do Cabrito para ver os filhos. “Ela chamava a atenção dos três. Queria que eles saíssem dessa vida. Andavam com muita gente de má índole. Eram meninos bons. Eram conhecidos como os ‘os três irmãos’”, relatou uma vizinha.
Lamento
Amigos dos três jovens mortos lamentaram o ocorrido. “Às vezes, não acredito. A gente subia na goiabeira, jogava gude, consertava as nossas bicicletas”, lembrou um rapaz, que preferiu não se identificar.
“Este ano, os três não estavam estudando, mas no ano passado, Tiago concluiu a 6ª série e Mateus a 7ª série. Os meninos eram inteligentes”, contou um aluno do Colégio Estadual Democrático Bertholdo Cirilo dos Reis, onde duas das vítimas estudavam.