Suspeito confessa que atirou após PRF se identificar durante assalto na Pituba
Depois de ser baleado, dar entrada no Hospital do Subúrbio, receber alta e ir pra casa, Vitor Vagner Matos Neri, 28 anos, suspeito de atirar na cabeça do policial rodoviário federal Marcelo Caribé Carvalho, 28, durante assalto a uma barraca na Pituba, no dia 24, resolveu se entregar ontem à polícia.
Ele foi apresentado à imprensa, à tarde, na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Pela manhã, foram apresentados Idenivaldo Santos de Oliveira, 33, e Paulo Tiago Rabelo dos Santos, 23, apontados como os comparsas de Vitor na ação que resultou na morte do agente.
Segundo o titular da Delegacia de Homicídios Multiplos (DHM), delegado Odair Carneiro, responsável pela investigação do caso, parentes do autor do disparo avisaram à polícia que ele iria se entregar na sede da Polícia Civil, na Piedade. Enquanto Vitor se deslocava, na companhia de um advogado, para o local, policiais o capturaram, ainda no bairro.
“Familiares de Vitor contactaram o policial e coordenador do SI (Serviço de Investigação) da 6ª Delegacia (Brotas), Paulo Portela, e prometeram que ele se entregaria. Logo no final da manhã, ele marcou na Piedade. Juntamente com equipes do DHPP, da 6ª DT, da força-tarefa composta pela PRF (Polícia Rodoviária Federal), PF (Polícia Federal) e Superintendência de Inteligência, concretizamos a prisão”, explicou o delegado.
O crime
Após ser preso, Vitor foi conduzido ao DHPP, onde foi ouvido pelo delegado e confessou ter atirado no policial depois de o agente se identificar durante o assalto. “Vitor disse que, na hora que ele estava apontando a arma para um cliente da barraca, o policial rodoviário chegou por trás e disse ‘quieta, quieta! Polícia!’. Ele, então, se virou e deu um tiro na cabeça do policial”, contou o delegado.
Caribé, que era lotado em Porto Velho (RO), era policial há seis meses. Um dia após o crime, o delegado Marcelo Sansão, do DHPP, disse que o fator da inexperiência pode ter influenciado no momento da reação ao assalto.
Confusão de informações
Durante a apresentação de Vitor, ontem, o delegado Odair Carneiro informou que o suspeito chegou a ser baleado por policiais numa troca de tiros em Cosme de Farias, na quarta-feira, e buscou atendimento no Hospital do Subúrbio, usando nome falso.
“Ele foi baleado na noite da quarta-feira, em Cosme de Farias, e deixou o hospital na manhã seguinte, às 12h”, disse o delegado. “Entrou lá com outro nome, na madrugada, dizendo que foi assaltado. No outro dia, solicitou alta médica e saiu pela portas dos fundos. Solicitou alta porque no local onde estava tinham outras pessoas baleadas e alguns policiais chegaram para interrogar essas pessoas. Ele ficou desconfiado e resolveu sair”, completou Carneiro.
Já a assessoria da Polícia Civil informou, em nota, que “Vitor foi baleado, na noite da terça-feira (29), no bairro de Cosme de Farias, em circunstâncias ainda desconhecidas pela polícia, e socorrido para o Hospital do Subúrbio” e que “o criminoso recebeu alta médica ao meio-dia de quarta-feira (30), mas a polícia só teve conhecimento de seu atendimento na unidade de saúde às 13h, depois que ele já havia recebido alta médica”.
Procurada pelo Correio, a assessoria do Hospital do Subúrbio deu uma outra versão, que contraria as duas versões da polícia. Informou que Vitor deu entrada na unidade às 18h40 de segunda-feira (28), com um tiro na perna esquerda e outro na coxa, e recebeu alta médica às 15h59 de terça-feira (29). Ele estava internado com seu verdadeiro nome e teria sido até localizado por policiais federais na unidade, mas os agentes estavam sem mandado de prisão.
Ainda segundo a assessoria da unidade, Vitor chegou ao hospital em um Ford Fiesta cinza (placa JPG-2260), acompanhado de uma adolescente de 15 anos, que se identificou como sua esposa. Ele estava sem documentos, mas tanto na ocorrência registrada e no prontuário médico constavam o seu nome verdadeiro completo. Pela ocorrência, ele teria sido baleado na 1ª Travessa, em Cosme de Farias. Imagens do circuito de segurança do hospital foram solicitadas pela polícia.
Outros suspeitos
Pela manhã, na apresentação de Idenivaldo e Paulo, a polícia informou que uma dívida do tráfico teria sido a motivação do assalto. Paulo teria confessado o crime. “Ele disse que o motivo foi uma dívida de R$ 600 que tinha com traficantes. O Idenivaldo também disse que estava endividado”, afirmou o delegado Odair Carneiro.
Idenivaldo é dono do Gol prata usado na ação, já apreendido. Ele foi o primeiro a ser preso, em Camaçari, na segunda-feira (28). Já Paulo, segundo o delegado, se entregou na quarta-feira (30), no DHPP.
Carneiro disse que o trio se conheceu em Cosme de Farias, onde os três moram. “Apesar de não terem passagens por crimes, eles já tinham praticado crimes juntos”, disse o delegado. Vitor também teria roubado a arma da vítima, que ainda não foi encontrada. Na casa de Vitor, a polícia encontrou a arma do crime, o revólver 38, tablete de crack e pasta base de cocaína.
* Colaborou Amanda Palma