Por José Antonio Valois
A primeira eleição que eu acompanhei bem foi a de 1989, havia uma clima de grande esperança de renovação. Afinal, depois da ditadura militar, seria a primeira vez que os brasileiros elegeriam novamente seu presidente por voto direto.
No segundo turno daquela eleição, tínhamos dois candidatos bem distintos, um era Fernando Collor, ex-governador de Alagoas que se notabilizou por ser o “caçador de marajás”, transmitindo uma ideia de austeridade e combate as regalias. Collor e seu marqueteiro Chico Santa Rita utilizaram ao máximo de ferramentas para criarem a imagem de um político jovem, portador da esperança de um Brasil melhor.
Já do outro lado, Luís Inácio Lula da Silva tinha o amplo apoio dos movimentos sociais e classe artística. Lula tinha um discurso duro de não pagar a dívida externa e falava em reforma agrária.
Collor venceu a eleição e manteve-se como um produto de marketing: aparecia aos domingos fazendo corridas matinais com suas camisetas, abusando das frases de efeito. Dirigiu velozmente Ferrari, voou de caça da FAB, apareceu de quimono de Karatê, passeava de Jet Ski no Lago Norte em Brasília, dizia que tinha “aquilo roxo”, etc. Tudo para manter sua imagem de jovialidade e coragem.
De lá pra cá. Vários outros políticos adotaram como estratégia executar ações midiáticas para ganhar espaço nos noticiários.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump teve como maior estrategista Steve Bannon.
Para Bannon, o “personagem” deve dar declarações diárias, polêmicas, mesmo que absurdas e contraditórias, com um único objetivo, o de disputar espaço no noticiário. Com isso sobra menos espaço para críticas. Quanto mais absurda a declaração, mais chamará a atenção e mobilizará as audiências. O “personagem” será visto todos os dias, pautará o noticiário com seus assuntos e confundirá sobre todos os assuntos, desconstruindo a verdade aos poucos.
“Flood the zone with shit” – disse Steve Bannon
Assim como fazem os “mágicos” que direcionam o olhar da plateia com seus truques de ilusionismo. Os políticos usam essa técnica de induzir o eleitor a olhar pra onde eles querem, fazendo com esqueçamos de assuntos realmente importantes.
Seguindo essa velha receita, o prefeito de Jacobina Tiago Dias segue dando a pauta com suas vestimentas polêmicas e ações midiáticas.
Para que você eleitor esqueça daquele vereador fiscalizador que outrora foi o então hoje prefeito.
Assim você não cobrará transparência.
Você vai se esquecer das promessas de revitalização da Avenida Luis Alberto de Carvalho ou da Avenida Nossa Senhora da Conceição.
Fantasias não te farão lembrar que o prefeito renovou um contrato com uma empresa que ele questionava a existência no passado.
Falar de nepotismo ou Jacoprev, pra quê?
Enfim, o método não é novo. Mas ainda parece funcionar bastante, pois se não fosse eficaz não seria tão repetido.
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