Primeiro veio o canteiro econômico e a cisterna para produção. Junto com essas tecnologias produtivas, chegaram o Assessoramento Técnico Contínuo (ATC), as capacitações periódicas e, consequentemente, o aumento na produção de alimentos cultivados de forma agroecológica. Dessa combinação de fatores, nasceu o grupo Delícias do Campo, formado por agricultoras do município de Várzea Nova, e das mãos dessas mulheres, as geleias produzidas com os frutos dos seus quintais.
Para Jaciara Souza, presidente da Associação de Boa Esperança, da qual o Delícias do Sertão faz parte, além das novas perspectivas que se abrem com as vendas dos produtos, a organização do grupo é também o reconhecimento da importância do papel da mulher no campo: “Depois do projeto Pró-Semiárido, a gente enxergou esse reconhecimento, e agora a gente quer ir à luta, pois sabemos da nossa força”. Além das geleias e doces, o grupo produz também temperos, com as hortaliças dos quintais e receitas feitas a partir de derivados da mandioca, como biscoitos, pães, pizzas, beijus e salgados.
O Delícias do Campo é apoiado pelo Governo do Estado, por meio do Pró-Semiárido, ação de combate à pobreza rural, executada pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).
As geleias são produzidas de forma totalmente artesanal, com as frutas colhidas nos quintais das comunidades. Por enquanto, os sabores são: umbu, goiaba, manga, acerola e maracujá, frutas das quais também são produzidos doces em pasta e compotas. Para evitar desperdícios, o que não é utilizado nas receitas volta para o quintal em forma de adubo. “Quando o projeto chegou na comunidade, a gente entendeu que, além de produzir o alimento para o nosso consumo, dava para vender o excedente da produção e aumentar nossa renda”, contou a agricultura e agente comunitária de saúde, Elizone Carneiro.
As receitas foram aprendidas em uma oficina que abordou todas as etapas do processo de fabricação das geleias e doces, desde a escolha das frutas até a etiquetagem. A capacitação foi ministrada pela engenheira agrônoma, especialista em processamento de alimentos, Elionara Souza. Ela explica que a oficina é apenas mais uma ferramenta adicionada a todo processo que vem sendo construído, desde início do Pró-Semiárido. “As oficinas para processamento de alimentos já vêm sendo desenvolvidas desde 2019, e o objetivo maior da capacitação é agregar valor ao que já é produzido no quintal, gerando renda, autonomia e liberdade financeira. Alguns grupos apresentam resultados significativos na primeira semana, após o início da divulgação e venda dos produtos”, destaca.
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