O dólar atingiu níveis recordes, ultrapassando R$ 6 pela primeira vez, um marco impulsionado por movimentos do mercado desde 27/11. A alta teve início com a expectativa de anúncio do plano de cortes de gastos do governo Lula (PT). Desde então, a moeda americana subiu de forma consistente, fechando em R$ 6,07 na terça-feira (3/12), valor não registrado desde maio de 2020, durante a pandemia, quando alcançou R$ 5,90.
A persistente valorização do dólar gera dúvidas sobre a possibilidade de estabilização em curto prazo. O câmbio flutuante, aliado à declaração do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de que a instituição não intervirá, intensifica os questionamentos sobre a sustentabilidade dessa cotação.
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil atribuem o aumento às medidas econômicas anunciadas por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, incluindo cortes de gastos e isenção de IR para rendas até R$ 5 mil. Entretanto, há receios sobre os custos e efeitos dessas mudanças, com críticas de que podem ser eleitoreiras. A combinação de incertezas no cenário externo, como as políticas protecionistas do presidente eleito nos EUA, Donald Trump, agrava o panorama.
Pacote econômico e reações
Entre as medidas anunciadas, destacam-se alterações no salário mínimo, restrições a benefícios e a proposta de reforma no IR, que prevê compensações tributárias para rendas acima de R$ 50 mil. O impacto, estimado em R$ 35 bilhões pelo governo, gera dúvidas no mercado, que projeta valores ainda maiores. A reação foi marcada por críticas sobre a falta de clareza nas medidas e ceticismo quanto à capacidade do governo em gerenciar as contas públicas de forma eficiente.
Contexto internacional
A agenda econômica de Trump, focada em subsídios e tarifas protecionistas, pode valorizar o dólar devido ao aumento do endividamento e à expectativa de juros mais altos nos EUA. Com isso, capitais globais tendem a migrar para a economia americana, pressionando moedas emergentes como o real.
Perspectivas para o dólar
Embora o nível atual de câmbio não seja considerado o “novo normal”, especialistas apontam que a moeda americana pode permanecer acima de R$ 6 até que haja maior clareza sobre a gestão fiscal do governo e a dinâmica da dívida pública. A volatilidade é esperada nas próximas semanas, com o real sendo impactado por incertezas externas e internas. Caso o Banco Central do Brasil consiga conter a inflação, há chances de que o dólar retorne ao patamar de R$ 5 em médio prazo.
Fonte: G1
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