O fuzilamento de Marco Archer, e a condenação do também brasileiro Rodrigo Gularte (que aguarda seu dia para ir ao paredão de fuzilamento), não se dá apenas pela motivação ritualística processual jurídica e soberana da Indonésia. Trata-se de uma decisão eminentemente política, e deriva de um cenário específico de repactuação interna daquele país. Joko Widodo, primeiro presidente civil eleito após décadas de ditadura, com sua decisão revela o quanto a comunidade internacional precisa avançar no reconhecimento da dignidade da pessoa humana. Prefeito de Surakarta e Governador de Jakarta, Jokowi, como é mais conhecido, foi eleito presidente da Indonésia com 53% dos votos válidos contra 47% do general Prabowo Subianto. Sua vitória foi data principalmente pela popularidade adquirida nas gestões anteriores e o compromisso assumido em seu programa de governo: combate a corrupção, redução da pobreza e rigidez no combate ao tráfico de drogas. A Indonésia que decidiu romper com a então ditadura que a governava, se empenhou em legitimar o programa de seu presidente civil, proporcionando-lhe o apoio popular necessário para a aplicação de duras medidas de combate ao tráfico de drogas, incluindo a pena de morte como sentença para tal crime – medida populista, levando em consideração penas mais brandas como para crimes de terrorismo e homicídio que acarreta ao sentenciado medidas restritivas de liberdade.