Em abril, a Toyota anunciou um megarecall por um defeito nos airbags Takata, que podem expelir fragmentos em caso de abertura. O detalhe que chama mais atenção no comunicado da montadora japonesa é que o conserto no Corolla e no Etios será feito em duas etapas, uma de desativação e outra de substituição do equipamento. Assim, os donos se perguntam o que acontecerá se, no intervalo em que o sistema estiver desligado, ocorrer um acidente? Essa é a dúvida de proprietários como o empresário Cristiano Bezerra da Silva, de Taboão da Serra (SP), que tem um Corolla 2009. “Recebi a carta comunicando o recall e, no dia 3 de março, levei o carro à concessionária. Ao pegá-lo, havia um adesivo de alerta no painel, alertando que o sistema estava desligado. A autorizada me avisou que a peça de reposição chegaria em 40 dias, pois não havia no estoque”, comenta Cristiano. “Trabalho com transporte executivo e os clientes, quando vêm o adesivo no painel, ficam indignados com o descaso da montadora.” E a situação de Cristiano nem é das piores: após uma consulta em concessionárias das cinco regiões do país, todas pediram 60 dias para fazer o conserto integral dos airbags. Curiosamente, a Honda também está fazendo o mesmo recall nos seus Civic, porém o prazo médio pedido para a troca do airbag no sedã foi de uma semana – a concessionária que pediu mais tempo estimou 20 dias para a chegada da peça. Segundo o especialista em direito do consumidor Agostinho Oli Koppe Pereira, a Toyota assume todos os riscos em caso de acidente quando desliga um equipamento como o airbag. “Não há como eximir a responsabilidade da montadora, desde que fique provado que os danos poderiam ter sido evitados se o airbag estivesse em funcionamento.” Consultada, a Toyota confirma o recall em duas fases e recomenda que os ocupantes usem os cintos de segurança, pois “constituem o principal dispositivo de segurança veicular”.