Uma em cada 7 crianças já leu mensagem de ódio na internet

05/10/2012 - Um estudo sobre o uso da internet no Brasil por crianças e adolescentes mostrou que 14% dos usuários entre 9 e 16 anos já leu ou teve contato no último ano com mensagens de ódio contra pessoas ou grupos de pessoas. Os dados são da pesquisa TIC Kids Online Brasil, divulgada nesta terça-feira pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que além de mostrar a alta penetração da web entre jovens, revela dados sobre a segurança da navegação - os pesquisados relataram já ter topado com formas de cometer suicídio, por exemplo - e do baixo nível de mediação dos pais ou responsáveis.
"A internet, ao mesmo tempo em que oferece um leque de possibilidades, oferece riscos, que podem ou não causar danos à criança", disse Alexandre Barbosa, gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br), entidade que fez a pesquisa em acordo com a London School of Economics. LEIA MAIS...
Um dos tipos de perigos a que as crianças estão expostas é o próprio conteúdo da internet. Por exemplo, 14% dos usuários de 11 a 16 anos declararam ter topado, no último ano, com mensagens de ódio contra pessoas ou grupos de pessoas. Também 10% encontraram formas para ficar muito magro "a ponto de ficar doentes", como descreve a pesquisa; 9% falam ou compartilham experiências sobre o uso de drogas; e 3% viram ou leram sobre formas de cometer suicídio.
Outro problema a que as crianças estão expostas é pelo compartilhamento excessivo de dados da vida pessoal, que pode causar constrangimentos ou mesmo riscos à segurança. Do total de pesquisados que estão nas redes sociais, por exemplo, 86% já postaram fotos que mostram claramente seu rosto, 69% divulgaram o sobrenome, 28% informaram a escola onde estudam, 13% publicaram o próprio endereço e 12%, o número de telefone.
Isoladamente, essa tendência poderia não causar preocupação, mas ao ser analisada com outros dados revela que o risco não se restringe à esfera virtual. Dos usuários de 11 a 16 anos, 23% já tiveram contato na internet com alguém que não conhecia pessoalmente, e aproximadamente um quarto destes chegou a encontrar a pessoa. Some-se a isso o fato de que 41% das crianças não sabem bloquear as mensagens de uma pessoa, 56% não sabem bloquear spam, e 59% não sabem comparar diferentes sites para saber se as informações que receberam são verdadeiras.
"A internet é uma forma do mundo real, e também pode ser uma fonte de constrangimentos. Ninguém deixaria o filho sozinho na praça da Sé às 18h, mas deixa ele navegar na web sem nenhum cuidado. Essa é uma perspectiva que não ajuda muito", afirmou Juliano Cappi, coordenador de pesquisas do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Despreocupação paterna
Outra informação que alarmou o CGI.br foi a baixa percepção de risco por parte dos pais ou responsáveis. Entrevistados sobre o uso da internet por seus filhos, 68% acham pouco ou nada provável que eles passem por algum incômodo ou constrangimento, 60% creem que podem ajudar o filho a lidar com alguma situação assim e 58% pensam que a criança tem capacidade para lidar sozinha com situações que a incomodem.
Além disso, 71% dos pais consideram que seus filhos utilizam a internet com segurança, e apenas 6% acreditam que eles tenham passado por alguma situação de constrangimento ou incômodo nos últimos seis meses. "A construção do conhecimento na família é fundamental. Mas se os pais acharem que está tudo bem, será que terá espaço para discutir o assunto?", perguntou Juliano Cappi.
Uma das razões para a falta de conhecimento do assunto, segundo os pesquisadores, é a grande diferença de gerações: 53% dos pais não utiliza a internet. No entanto, acrescentam eles, mesmo que o responsável não seja familiarizado com a web, é possível orientar ou acompanhar os filhos no uso.
A função de orientação das crianças, porém, em geral é relegada pelos pais a outras instâncias. Dos pesquisados, 61% afirmam que a escola é responsável por informar sobre o uso seguro da internet, 57% delegam o papel à mídia e 30% ao governo - apenas 29% disseram que a família é importante nessa instrução.
Os resultados do estudo, segundo o gerente do CETIC.br, devem orientar o governo para reforçar as políticas educativas sobre a segurança na internet e, principalmente, sobre sua forma de divulgação. Atualmente, há cartilhas sobre o assunto disponíveis para download na internet - mas apenas 8% dos pais buscam informações por esse meio.
Brasil supera a Europa
A pesquisa, realizada a partir de 1.580 entrevistas com crianças e adolescentes de 9 a 16 anos, mostra que 70% das crianças possuem o próprio perfil numa rede social, 13 pontos percentuais à frente das europeias.
Segundo o estudo, a presença das crianças e adolescentes brasileiros nessas redes aumenta de acordo com a faixa etária: 42% dos usuários de 9 a 10 anos têm o próprio perfil, proporção que alcança 83% na faixa etária de 15 a 16 anos.
"Chama atenção o fato do uso das redes sociais no Brasil superar o uso na Europa entre crianças nessa faixa etária, onde o uso atinge 57%", declara Alexandre Barbosa, gerente do CETIC.br.

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