30/05/2011 - Em junho de 1997, o mundo assistiu a uma luta histórica. O lutador de boxe Evander Holyfield tinha perdido o título mundial dos pesos pesados em novembro do ano anterior para Mike Tyson. A vitória na revanche, no entanto, veio de modo inesperado: Holyfield ganhou o cinturão de volta, após Tyson ser desqualificado depois de arrancar um pedaço da orelha do adversário. Holyfield perdeu o título novamente no ano seguinte, mas ao voltar ao ringue em 2008, já tinha uma orelha quase perfeita, reconstruída por meio de uma cirurgia plástica.
Não é somente no ringue que se pode perder este órgão importante do corpo. Acidentes de trânsito, mordidas de animais e agressão humana são alguns dos motivos mais comuns para a perda da orelha. Somente em 2010, por exemplo, aconteceram 7.706 acidentes de trânsito na capital baiana. Além do trauma, os tumores e outras enfermidades como a lepra e leishimaniose igualmente podem se instalar em alguma região das orelhas e destruí-las parcial ou totalmente. A mutilação acarreta traumas mais profundos, como a perda da autoestima e a deturpação da autoimagem, mas procedimentos cirúrgicos já são capazes de reverter a situação.
Há oito anos que o Hospital Ernesto Simões Filho realiza pelo Sistema Único de Saúde (SUS) cirurgias de reconstrução de deformidades na face e na orelha em pessoas acima dos 12 anos de idade. A reconstrução pode ser feita “seja por perda parcial ou total das orelhas”, conforme explica a cirurgiã plástica responsável pelo procedimento, Ana Rita Peixoto. “A gente procura diminuir o defeito e obtemos geralmente resultados satisfatórios”. A perda da orelha não é tão incomum como possa parecer. A médica informa que o setor recebe de quatro a seis pacientes novos por dia. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) revelam que 27% das cirurgias plásticas em geral são reparadoras, sendo que muitos procedimentos são realizados em pacientes jovens. A Tarde