O nome de Ventura, segundo informações da Folha, foi sugerido pela OMS e já tinha sido aprovado pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), braço da OMS na América Latina, conhecida pelo seu ativismo pró-aborto. Faltava apenas um aval do Ministério da Saúde. Na última quarta-feira (28), a professora foi "desconvidada" pela OMS e soube que o seu nome havia sido vetado pelo ministério.
A Gazeta do Povo entrou em contato com a pasta para saber o motivo da recusa do nome da professora e a assessoria respondeu:
O Ministério da Saúde foi consultado sobre a indicação da profissional e considerou que não era o perfil adequado para a função.
A pesquisadora ainda não se manifestou sobre a decisão do MS e nem respondeu a perguntas da reportagem. Pelas redes sociais, desde a decisão, Deisy vem compartilhando uma série de mensagens críticas à recusa do governo Bolsonaro.
Uma das mensagens é da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC):
a SBPC protesta contra a atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país, recusa apoio à ilustre cientista, professora Deisy Ventura, para compor um dos mais importantes comitês técnicos da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Em nota, a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo subscreveu a manifestação conjunta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), denunciando um suposto "boicote" imposto pelo Ministério da Saúde à indicação de Deisy.
As instituições manifestam repúdio à atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país recusa apoio à ilustre cientista, disse a USP.
Quem é Deisy Ventura?
Caso indicada, a professora integraria um comitê na OMS que trabalha na prevenção internacional de graves riscos à saúde pública. Durante a pandemia, Deisy defendeu o isolamento e não mediu críticas ao governo Bolsonaro, chegando a dizer que existiria uma "estratégia federal de disseminação do vírus".
O que aconteceu no Brasil é um crime contra toda a humanidade e não pode se repetir, nunca mais e em lugar algum, escreveu a cientista em uma publicação.
Em uma entrevista à CBN, em 16 de janeiro de 2021, ela confirmou a tese:
Atos normativos ao longo da pandemia evidenciam que o governo federal trabalhou contra as medidas de isolamento para não afetar a economia. Além disso, fez propaganda para o tratamento preventivo claramente ineficaz, afirmação desmentida por recentes pesquisas.
Além da oposição ao governo, a professora também defende o aborto, crime rechaçado por 70% dos brasileiros.
Quem pode, paga clínicas seguras; quem não pode, toma remédios atrozes ou paga aborteiros/as - mas para defender a desgraça das segundas. E encerro lembrando que se homem engravidasse, nós sequer estaríamos tocando nesse assunto. Jamais o aborto seria crime, escreveu em uma publicação com a imagem de uma tirinha que a mulher escolhe não dar continuidade a uma gravidez.