O Exército brasileiro confirmou na sexta-feira (13) o furto de 21 metralhadoras de grosso calibre que estavam dentro da sua base militar em Barueri, na Grande São Paulo.
De acordo com a corporação, durante inspeção realizada na última terça-feira (10) no seu Arsenal de Guerra, os militares notaram o sumiço de 13 metralhadoras calibre .50 e de outras 8 metralhadoras de calibre 7,62. As metralhadoras .50 são conhecidas por terem poder de fogo e alcance para derrubar até aeronaves.
Por meio de nota, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informou que todas as armas levadas são “inservíveis”, ou seja, não funcionavam, e passariam por manutenção. Além disso, o Exército informou que irá apurar internamente o que ocorreu por meio de um inquérito policial militar (leia abaixo a íntegra da nota).
Para efeitos comparativos, segundo o Instituto Sou da Paz, entidade sem fins lucrativos que faz estudos sobre armas e segurança pública, entre janeiro de 2015 a março de 2020, 27 armas do Exército foram roubadas, furtadas ou desviadas no Brasil.
“O último grande desvio do Exército havia sido o de 7 fuzis 762 desviado de um batalhão de Caçapava em 2009, também em São Paulo. Felizmente daquela vez, todas as armas foram recuperadas. O desvio de agora é muito mais grave, não só pela quantidade de armas levadas de uma vez, mas pela potência”, disse ao g1 Bruno Langeani, gerente da área de sistema de Justiça e Segurança do Sou da Paz.
“Estas metralhadoras são armas automáticas que são usadas para perfurar blindagem. Seu desvio, mostra uma precariedade de controle dos arsenais. O Exército precisará de apoio das polícias para recuperar rapidamente estas armas, identificar e punir os responsáveis, mas principalmente corrigir os procedimentos de guarda, para prevenir outras ocorrências como esta”, afirmou Bruno.
O que diz o Exército
De acordo com os jornais “Notícias de Barueri” e “Metrópoles”, militares que trabalham num paiol onde as armas furtadas estavam não podem voltar para casa após o desaparecimento do arsenal. Questionado pelo g1, o Exército não confirmou essas informações.
“Acerca do e-mail enviado, o Comando Militar do Sudeste informa que a investigação está em curso por meio de um inquérito policial militar e, em relação ao público interno, o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) segue os procedimentos previstos para o caso”, informa nota divulgada pelo CMSE, por meio de sua assessoria de imprensa.
Depois que o g1 voltou a questionar o Exército, pedindo mais detalhes do que ocorreu, foi encaminhado um novo comunicado:
“O Comando Militar do Sudeste informa que, no dia 10 de outubro de 2023, em uma inspeção do Arsenal de Guerra de São Paulo, foi verificada uma discrepância no controle de 13 (treze) metralhadoras calibre.50 e 8 (oito) de calibre 7,62, armamentos inservíveis que foram recolhidos para manutenção. Imediatamente, foram tomadas todas as providências administrativas com o objetivo de apurar as circunstâncias do fato, sendo instaurado um Inquérito Policial Militar”.
rocurada pela reportagem, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o caso está sendo investigado internamente pelo Exército e que as polícias auxiliam na procura das armas.
O g1 também pediu posicionamento ao Ministério da Defesa, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Metralhadoras como os modelos furtados do Exército em Barueri costumam ser desviadas e usadas por criminosos em ataques a carros-fortes e roubos a bancos no país. Esse tipo de arma é de uso restrito do Exército brasileiro.