Inimigos e adversários vêm em muitas formas, incluindo concorrentes comerciais inescrupulosos, chefes arrogantes, colegas de trabalho hostis, litigantes, oponentes esportivos e, claro, invejosos, valentões e malucos por controle.
No entanto, a gente acaba sofrendo desnecessariamente com a recusa em aceitar as pessoas que gostamos ou desprezamos como elas são.
Tanto em termos de maior angústia pessoal quanto de respostas contraproducentes a seus atos desagradáveis e consequentes conflitos e problemas que muitas vezes podem ser evitados.
É importante entender os benefícios de aceitar essas pessoas por quem e como elas são. Vou te mostrar algumas ferramentas e estratégias importantes para aceitá-las.
Um benefício é que aceitar seus adversários ajuda a evitar ou pelo menos minimizar os confrontos e retaliações prejudiciais (e às vezes dispensáveis) e o estresse e o agravamento que os acompanham. Você também não estará propenso a dar um tiro no seu próprio pé e acabar se prejudicando!
No entanto, o benefício mais importante (ou presente) de aceitar seus adversários como eles são é:
Você tomará as decisões que são melhores para você!
Vou exemplificar com uma história verdadeira. Vários anos um amigo que trabalha com imóveis tinha um inquilino cujo negócio cresceu rapidamente e superou seu espaço de depósito em uma de suas propriedades. Isso criou sérios problemas porque seus caminhões de entrega descarregavam constantemente volumosos estoques nas áreas de estacionamento da propriedade, impedindo o acesso do inquilino adjacente a seu próprio depósito e estacionamento.
Esses atos estavam em clara violação dos termos do arrendamento do inquilino. O inquilino da unidade adjacente se queixou de que seu negócio estava sofrendo com isso e nos mostrou fotos documentando as obstruções.
Conversamos com o locatário do problema e mostramos as fotos para ele. Ele negou que a descarga de estoque obstruísse o acesso de seu vizinho, mas parou de obstruir o espaço por alguns dias, voltando pouco tempo depois a descarregar onde não deveria. Resultado: o inquilino adjacente saiu do seu espaço um mês depois.
Neste momento, haviam duas opções: processar por danos monetários por violação do contrato de locação e perda do outro locatário e também buscar uma medida cautelar contra futuras violações do arrendamento. Ou poderíamos pagar por monitores de estacionamento caros para ajudar a reduzir as infrações.
Por causa da raiva sobre o delito do inquilino, a primeira reação foi entrar com um processo. Depois de uma análise mais cuidadosa da situação, outra opção começou a evoluir. Percebemos que as verdades eram:
1. O inquilino estava fazendo o que estava fazendo porque não tinha outra escolha, dado seu rápido crescimento e não porque estivesse intencionalmente tentando me prejudicar. Como costumam dizer nos filmes da máfia, "não é nada pessoal". Aceitamos isso e neutralizamos a nossa raiva.
2. Além disso, seria preciso dinheiro e tempo para prosseguir com uma ação legal, que embora provavelmente venceríamos, talvez não pudéssemos cobrar o julgamento.
Assim, concluí que precisava aceitar o inquilino e a situação. O inquilino estava agindo pela "sobrevivência de negócios" e nós tivemos a chance de impedi-lo e prejudicá-lo. E não ganharíamos muito com isso.
Então surgiu uma terceira opção: não fazer nada e ver como as coisas se desenrolariam. Também notamos que o aluguel do inquilino seria aumentado significativamente se ele permanecesse depois que seu contrato expirasse. Mas, o inquilino se mudou dois meses depois.
O bônus da história é que um novo inquilino imediatamente alugou o espaço a uma taxa 20% maior, aumentando nosso lucro operacional e o valor da propriedade e acabando com nosso problema.
Chaves para Aceitar Seus Adversários
Com certeza, aceitar nossos inimigos e adversários como eles são não é tarefa fácil. Começa com a compreensão do que a aceitação não significa.
Aceitação não significa que estamos desculpando ou tolerando o que a pessoa fez ou faz. Nem significa que temos que negar nossos valores e princípios ou não sermos capazes de cuidar de nós mesmos. Em vez disso, significa que aceitamos a realidade subjacente da situação ou pessoa sem julgamento ou sentimentos negativos como medo, raiva e ressentimento (ou pelo fazemos o mínimo possível por isso).
É somente aceitando nossos adversários de uma maneira tão equilibrada que seremos capazes de reconhecer as escolhas e oportunidades que melhor nos servem, como no caso do inquilino problemático. Por quê? Com a aceitação, o foco muda dos outros para você e o que você pode fazer para melhor atender às suas próprias necessidades.
Não Aja ou Reaja Impulsivamente
Pause e reserve um tempo para avaliar o que realmente está em jogo com sua queixa contra alguém e sua importância geral. Ao fazê-lo, considere se você pode esperar mudar a pessoa ou o que ela está fazendo, como no caso do inquilino problemático. Lembre-se de que, mesmo que você ache que pode causar algum impacto em seu adversário, considere se vale o custo, o esforço, a energia gasta, o ressentimento que irá criar e a angústia.
Você pode ganhar mais perguntando a si mesmo questões como estas: "Isso é algo que é melhor deixar pra lá por enquanto?" e "Estou fazendo uma tempestade e copo d’água?"
Enderece seus medos
Nossos medos do que um adversário pode ou vai fazer para nos prejudicar nos tornam reativos, em vez de abordar realisticamente o que podemos fazer para proteger ou cuidar de nós mesmos, especulamos uma maneira negativa ou caímos em uma falsa evidência que aparenta realidade, criamos uma situação desproporcional com a realidade, criamos um medo para nos proteger de um possível ataque e acabamos (muitas vezes) atacando antes e nos tornando as verdadeiras ameaças.
Quando o medo domina nossos pensamentos e ações, há pouca esperança de aceitar nosso adversário de uma maneira que nos permita fazer as escolhas que melhor nos servem, seja no trabalho ou nos negócios ou em nossos assuntos sociais. A maioria dos medos é ilusória; eles diminuem e até somem quando são examinados de perto.
Processar sua raiva
Sentir raiva e ressentimento quando alguém nos machuca é normal. O que é importante, no entanto, é que esses sentimentos sejam tratados e processados de maneira oportuna para que não possam permanecer. Continuar a abrigar raiva e ressentimento prejudica principalmente a nós mesmos.
Como a falecida Carrie Fisher diz em seu livro Wishful Drinking, "O ressentimento é como beber um veneno e esperar que a outra pessoa morra".
A raiva obscurece o que está objetivamente em risco, bem como o que podemos fazer para remediá-la. O que quer que tenha acontecido ou nos tenha sido feito por outra pessoa, ainda temos uma escolha no assunto e podemos tomar providências mais sábias. Podemos permanecer enredados em nossa raiva e ressentimento, ou podemos tentar encontrar maneiras de neutralizá-la antes de deixar a raiva nos adoecer.
Não precisa ser visto como uma questão de certo ou errado. Mesmo que estejamos certos, pouco valerá se ficarmos atolados por esses sentimentos negativos. E sim, a retaliação também é uma opção, mas na melhor das hipóteses, nos faz sentir melhor por pouco tempo (se é que isso acontece) e muito mais provavelmente serve principalmente para exacerbar nosso tormento.
Considere a sua parcela de responsabilidade na queixa
Você deve sempre considerar se você teve algum papel no comportamento perturbador dos outros. Por exemplo, você era presunçoso, rude ou desdenhoso com relação a eles? Você interpretou mal o que eles disseram ou fizeram? É preciso coragem, autocritica e honestidade para admitir que você pode ter, pelo menos em parte, culpa também.
Eu acredito que você deve sempre examinar se você era responsável de alguma forma. Às vezes não podemos ver a nossa parte no que aconteceu porque a "picada" torna isso difícil. Estamos preocupados demais em nos defender primeiro. Com poucas exceções, aprendi que não importa quão inocente ou certo eu pensasse estar sobre algo que me chateia, eu era de algum modo responsável.
Um desafio de aceitação
Da próxima vez que você lidar com um adversário, uma pessoa desagradável ou até mesmo um "inimigo" declarado, eu desafio a tentar aceitá-lo como ele é.
Ao fazer isso, não reaja demais ou retalie. Dê uma pausa para processar sua raiva e medo. Despersonalize a situação da melhor maneira possível. Pense que talvez não houve intenção de prejudicá-lo. Considere se você teve alguma participação no que ocorreu.
Ao fazer essas coisas, observe se você se sente mais calmo, mais fundamentado, menos irritado, mais concentrado em cuidar de suas necessidades e mais capaz de tomar decisões melhores e mais sábias.
Fonte: Energia Evolutiva