Reportagem: Carine Andrade | Bahia Notícias | Foto: Montagem BN /Crédito: Max Haack / Ascom Isaac Carvalho / Jefferson Peixoto
Um dos municípios do interior baiano onde o governador Jerônimo Rodrigues (PT) encontra dificuldade em unir a base aliada em torno de uma única candidatura a prefeito é Juazeiro, no norte do Estado. Lá, somente a Federação Brasil da Esperança, formada por PT, PCdoB e PV, tem três pré-candidatos, um de cada sigla. Nesse grupo, no entanto, o nome do deputado estadual Roberto Carlos (PV) começa a ganhar força por conta dos últimos acontecimentos políticos envolvendo os seus opositores.
O entendimento dos aliados de Jerônimo é que o ex-prefeito de Juazeiro por dois mandatos consecutivos, Isaac Carvalho (PT), embora tenha maior densidade eleitoral, estaria inelegível até 2030. Nesta quarta-feira (20), ele sofreu um novo revés no Tribunal de Contas da União (TCU) que rejeitou recurso de seu advogado no processo 040.610/2019-5, movido pela Caixa Econômica Federal, em relação ao saneamento de bairros da cidade, “em razão da não comprovação da regular aplicação dos recursos repassados pela União”. A Corte julgou que Isaac não informou ao Governo Federal, quando prefeito, como gastou o dinheiro do Ministério das Cidades para realização das obras.
A notícia repercutiu no município. Ao site Rede GN, parceiro do Bahia Notícias, a ex-aliada e hoje adversária, Célia Regina, comemorou a decisão: “Isaac perdeu mais uma no TCU, já pode pedir música no Fantástico”. Já o coordenador da Defesa Civil de Juazeiro festejou: “Segue a saga do vaqueiro inelegível”. Em nota, a assessoria de imprensa esclareceu que “não existe processo que gere inelegibilidade do ex-prefeito de Juazeiro e pré-candidato, Isaac Carvalho. Ao contrário, a decisão reforça a prescrição do processo e garante que Isaac pode ser candidato”.
Com nome da base indefinido, Roberto Carlos e Zó tentam construir unidade de Jerônimo em Juazeiro
“Base do governo tem que considerar a pré-candidatura de Joseph Bandeira”, reivindica Lídice da Mata
E O PCdoB?
A avaliação na base de Jerônimo é que o deputado estadual Zó perdeu força depois que a bancada comunista na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), composta por quatro deputados, se ausentou da eleição para o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) deixando de apoiar o então deputado petista Paulo Rangel, que sagrou-se vitorioso e já tomou posse como conselheiro da Corte de Contas. Nos bastidores, o PCdoB acusou o PT de articular para inviabilizar a inscrição do deputado Fabrício Falcão ao TCM, fato que repercutiu muito mal no Palácio de Ondina.
Vale lembrar que a Federação Brasil da Esperança só pode ter um único candidato a prefeito, o que reforça a necessidade de consenso em torno do nome. Em conversa com o Bahia Notícias, Roberto Carlos demonstrou otimismo com a possibilidade de ser escolhido como candidato do grupo. “Tenho conversado com os aliados em busca da unidade, tanto dentro quanto fora da Federação. O diálogo se estende também ao governador e aos nossos senadores Jaques Wagner (PT), Otto Alencar (PSD) e Ângelo Coronel (PSD), além do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Estou confiante de que vou liderar esse processo”, declarou.
Para ser pré-candidato, Roberto Carlos rompeu com a prefeita de Juazeiro, Suzana Ramos (PSDB), que é candidata à reeleição. Ele frisou que todos os cargos que tinha na Prefeitura “já foram entregues e retirados, pois acreditamos em um novo projeto para Juazeiro, casado com o governo do Estado”, pontuou.
A reportagem do BN entrou em contato por telefone e WhatsApp, ao longo da tarde de ontem, com o deputado estadual Zó para saber como estão as tratativas do PCdoB junto à Federação, mas não obteve retorno.