O verbo se fez carne! Frei Mário Sérgio

O Natal é a celebração do que existe de mais radical na história humana. Ao mesmo tempo, é sua originalidade mais espetacular: o Criador que se tornou criatura! A palavra eterna do Pai assumiu a condição humana e veio habitar em meio a nós. Completamente igual a nós, em tudo, exceto no pecado. De uma maneira belíssima, o documento Gaudium et spes descreverá quem é esse Verbo Encarnado: “Ele é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, n’Ele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem. Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano. Nascido da Virgem Maria, tornou-se verdadeiramente um de nós, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado”. (GS, 22). Jamais compreenderemos a grandiosidade desse mistério do Natal.

Mas, o mistério de Deus, não é para abrir um abismo entre a inteligência humana e as verdades divinas. Esse mistério não é para colocar Deus escondido nas nuvens. Não é para dizer que é impossível relacionar-se com Ele. O mistério dá-se completamente ao homem. Esse mistério deve e pode ser experimentado por cada pessoa humana, graças ao princípio da Encarnação, graças ao Natal. Jesus é a eterna e perfeita comunicação do Pai. Jesus é o rosto visível do Deus invisível. Ele mesmo disse: quem me vê, vê o Pai. Por isso, esse menino que está na manjedoura, diz tudo sobre o amor de Deus pela humanidade. Assim, celebrar o Natal não é resumi-lo a um momento de troca de presentes, de fartos baquetes, de belas árvores ornamentadas. Celebrar o Natal é sentir profundamente o amor de Deus que nasceu numa periferia, no abandono humano, no escondimento social, na exclusão. Mas, São Paulo aos Filipenses dirá: Ele se esvaziou totalmente da sua condição divina! O Natal é a celebração desse esvaziamento! Mas, muitas vezes, o Natal é celebrado com tantas pompas que pode correr o risco de não se dá conta de que é uma festa da mais alta pobreza daquele que é dono de todas as coisas e que, ao assumir a condição humana, não guardou nada para si mesmo.

O nosso desafio é ir ao presépio, contemplar esse menino, olhar seus pais, sua condição de simplicidade e silêncio e se perguntar: será que eu sei o que estou celebrando no Natal? É ter a coragem de se perguntar por que somos tão arrogantes, prepotentes, vaidosos, excludentes, insensíveis, indiferentes… Se a luz do Menino Deus não iluminar as trevas da minha consciência, seguramente, celebrei um Natal social, cultural, gastronômico, amigável, em família, mas não foi a celebração verdadeira do Verbo que se fez carne, assumiu nossa condição de vulnerabilidade e nos deixou um estrondoso exemplo de que na vida o desafio é encontrar o essencial. Imagine você olhar para o presépio e ver um bebê, indiferente ao que acontece ao se redor, com todas as carências e necessidades possíveis e, escandalosamente, necessitado dos cuidados e da caridade humana e dizer: eis aí o meu Deus! Um Deus frágil, pequenino, vulnerável, carente, necessitado… Um Deus que me desconcerta completamente e me tira do meu lugar de soberba e vaidades, faz-me descer do pedestal da minha prepotência…

Meu convite é muito simples: volte ao seu presépio, contemple-o por alguns minutos e responda a essa pergunta: o que deve mudar, em mim, a partir dessa profundidade do esvaziamento de Deus? Bom Natal, boa reflexão, bom caminho de conversão!

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