Regilaneo da Silva Inácio, motorista de aplicativo que sofreu um acidente enquanto estava em uma academia de Juazeiro do Norte está comemorando o fato de estar vivo. Em entrevista ao Uol, ele deu detalhes do acidente e da recuperação após ser submetido a uma cirurgia delicada para reconstrução da coluna.
“A pancada foi tão violenta, que senti eu sendo quebrando ao meio. Foi como as minhas pernas não fizessem mais parte de mim, tivessem fora do meu corpo. Graças a Deus Foi um milagre a máquina não ter atingido a minha cabeça, talvez não estaria aqui pra contar a história”, disse ao Uol.
O motorista diz não saber explicar o que aconteceu. “Travei a máquina, desci, dei a volta, coloquei mais peso, e sentei pra descansar. E aconteceu. Na hora, hora pensei que eu tinha morrido. Eu senti o meu corpo partindo, a parte debaixo do quadril sem controle, tudo adormecido, é uma sensação tão esquisita, como se eu não tivesse as minhas pernas. A dor foi tão violenta, que na mesma hora eu tive a consciência que nunca mais voltaria a andar. O que vier pra mim é lucro. É muito difícil aceitar, porém, não vou desistir, vou correr atrás, vou buscar o 1% de chance de que eu possa andar”, prometeu.
Após cirurgia, a família comemorou o registro de Regilaneo sentado em uma cadeira de rodas, o que, segundo o próprio, soube dos médicos ser improvável em tão pouco tempo. “Graças a Deus deu tudo certo. Mais do que imaginavam”, conclui.
Acidente
Regilaneo, de 42 anos, foi atingido por um aparelho de musculação na sexta-feira (4) em uma academia em Juazeiro do Norte (CE). Ele foi atingido por uma máquina chamada “hack squat”, usada para fazer agachamento convencional. O acidente causou uma lesão na coluna considerada gravíssima por médicos.
Os registros da câmera de segurança da academia 220 Fit mostram que o aluno treinava quando sentou na ponta de um aparelho para descansar. Segundos depois, a parte superior da máquina despenca, atingindo diretamente seus ombros e coluna. Um grupo de pessoas se mobiliza para retirar o peso e ampará-lo.
O paciente passou por cirurgia que durou quatro horas. O procedimento consistiu em colocar pinos e parafusos para redução da fratura, com objetivo de fazer o realinhamento ósseo e descompressão da medula.
De acordo com a família, o estado de saúde de Regilaneo é considerado estável e ele permanece consciente, no entanto, não sentia as pernas e corre o risco de não andar mais. A máquina estava com uma carga de 150 kg. Há incerteza se o homem voltará a andar.
O neurocirurgião José Correia Junior, responsável pelo procedimento, comentou o caso. “Depende muito do grau da lesão a princípio, o nível de retorno das funções prévias. Não há componentes nem motores, nem sensitivos, infelizmente. É a lesão mais grave que tem do ponto de vista de lesão neurológica. A chance é, estatisticamente, menos de 1% do retorno de funções motores e sensitivas”, disse ao g1.
A academia 220 FIT disse, em nota, que a situação foi acidental e que o aparelho em questão se encontrava em perfeito estado de funcionamento, sendo adquirido há menos de 60 dias.
Fonte: Correio