Entenda como funcionará vacinação de portadores de comorbidades na Bahia

Reportagem: Correio 24 Horas. Foto: Sesab

Com o avanço da vacinação contra a covid-19 na Bahia, algumas cidades já poderão seguir para a terceira fase, das pessoas com comorbidades. Até então, foram vacinados idosos acima de 60 anos, trabalhadores da saúde, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e outros grupos. Agora, a prioridade é para as pessoas com síndrome de Down, transplantados e imunossuprimidos. A decisão foi pactuada durante uma reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) realizada nesta quinta-feira (8). A CIB reúne representantes das secretarias municipais de Saúde e da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

Esses três grupos somam 32.541 pessoas no estado, segundo a Sesab. São 3.793 pessoas com síndrome de Down, 1.721 que fizeram transplante e outros 27.027 imunossuprimidos. De acordo com Eleuzina Falcão, da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) da Sesab, esse quantitativo foi levantado com base na campanha de vacinação para influenza de 2020, a mesma que o Ministério da Saúde (MS) usa para fazer as estimativas populacionais de cada fase.

A priorização desses grupos dentro dos que têm comorbidade foi feita por conta da pouca quantidade de vacinas recebida, da gravidade dessas doenças e da fácil identificação delas pelos órgãos de Saúde. “As pessoas com síndrome de Down têm um relatório médico, têm um acompanhamento feito regularmante. O transplatado também, assim como o imunossuprimido, que normalmente é um paciente oncológico, que tem outros problemas de base e isso afeta diretamente a resposta imunológica deles”, explica Eleuzina.

Já os cardiopatas e hipertensos, por exemplo, seriam mais difíceis de serem identificados, por existirem níveis de gravidade das doenças. Além disso, eles somam um grupo bem maior, que não tem como ser imunizado ainda com a quantidade de imunizantes que chegam à Bahia. O total de pessoas com alguma comobirdade no estado é 952.507. Ou seja, seriam necessárias 1.905.014 vacinas.

A divulgação para o chamamento desses três grupos para a vacinação será feita de acordo a estratégia de cada município. Quem não for cadastrado no Sistema Único de Saúde (SUS) e tiver acompanhamento pela rede particular poderá ter direito à vacina mediante apresentação de um relatório médico no posto de saúde. Eleuzina relembra que o sistema de saúde é único e, portanto, universal. Então, todos têm direito.

Como já existe a estimativa pela base da campanha de influenza, as pessoas devem comparer à unidade de saúde após o chamamento de cada prefeitura. A divulgação cabe às secretarias de Saúde. “Os municípios pequenos já sabem e conhecem quem são. Já os grandes, poderão adotar estratégias através das equipes de Saúde da Família, promover na mídia e telejornais pedindo que compareçam. Isso depende de cada município, que vai atuar de acordo com sua realidade”, detalha Falcão.

No entanto, nem todas as cidades poderão avançar para essa terceira fase nesta semana. Só poderão seguir aquelas que terminaram a vacinação dos outros grupos. Salvador, por exemplo, que ainda vacina os idosos acima de 62 anos, não iniciará a nova etapa. A Sesab não tinha o levantamento de quais cidades baianas são essas, nem Eleuzina, mas informou que algumas já avançam para esta fase nesta semana.

“Hoje, pactuamos em CIB que vamos continuar vacinando os quilombolas, as forças de segurança e salvamento e os municípios que não concluíram a vacinação dos acima de 60 anos vão continuar vacinando esse grupo. Para aqueles municípios que não têm mais idosos acima de 60 anos para vacinar, nem quilombolas e já concluíram a vacinação das forças de segurança, nossa proposta foi começar com as comorbidades, trazendo, nesse momento, o grupo de pacientes transplantados, com sindrome de Down, e imunossuprimidos”, detalha a diretora.

Prioridade da prioridade
Dentro desses três grupos, ainda há a uma outra priorização para os que têm síndrome de Down. “Não vamos vacinar os três. Cada município vai levantar os casos primeiro de sindome de Down, que é um número pequeno, entre 18 e 59 anos. Depois, quando acabar a vacinação deles, vamos levantar quantos pacientes são transplantados e, só depois, os imunossuprimidos. Dentro do grupo de comorbidade, temos outras. Mas, não podemos avançar, porque temos uma limitação no número de vacinas, então vamos devagar”, reforça.

Para a escolha de quais comorbidades serão vacinadas em seguida, uma nova reunião da CIB será feita – como é realizada a cada semana, quando chegam novas doses – para ajustar essa definição. O mesmo será feito em relação à inclusão de categorias ou a antecipação de outras, como os professores. “É sempre um passo de cada vez, sempre de acordo com a disponbilidade e produção das vacinas”, conclui Falcão.

MP-BA se procupa com comprovação das comorbidades
O Ministério Público da Bahia (MP-BA), através do Grupo de Trabalho para acompanhar as ações de enfrentamento do coronavírus (GT Coronavírus), demonstra preocupação com a fiscalização e comprovação das comorbidades pelos baianos. O GT Coronavírus teme a possibilidade de falsificações.

“O Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 especifica quais pacientes de determinadas comorbidades – e em que grau – farão jus a serem vacinados prioritariamente. Certamente, em muitos casos, haverá a necessidade de apresentação de atestados e relatórios médicos para comprovar o grau da comorbidade. O que externamos para a SMS [Secretaria Municipal de Saúde de Salvador] foi a preocupação quanto à possibilidade de atestados material e ideologicamente falsos”, informa o órgão ao CORREIO.