A alma e o desapego – Rafael Verdival

As almas se apegam ao corpo, e isso é a vida. Estranho pensar em vida com desapego, se o próprio pressuposto de viver está no liame entre alma e corpo. É o famoso sopro vital que faz o coração bater e a mente pensar. Porém, o apego não é a batida mor do coração.

Considerando que a vida é a ligação entre a alma e o corpo, é possível dizer que a morte é justamente a quebra desse vínculo. Ora, se morrer é separar o espiritual do material, então não seria a morte um momento de desapego? Morrer, portanto, não seria o desapegar da alma?

Pensando por esta perspectiva, é possível dizer que o fim da vida é desapegar. A vida tende à morte. Logo, a morte é o objetivo da vida. Se a morte é desapego, e a vida tende à morte, por que não entender que o nossa missão maior é desapegar?

Muito mais do que a ideia macabra de que na vida nós devemos aprender a morrer, eu digo que a morte nos ensina a viver. Perceba, se até a alma – coisa sublime e exotérica – consegue quebrar as correntes do corpo e desapegar, por que não conseguimos fazer o mesmo? É totalmente possível, lembre-se que a alma está dentro de nós.

É preciso se importar sempre. Se importar com nossos amigos. Se importar com nossa família. Se importar com o que nos cerca. Por outro lado, desapegar não tem nada a ver com não se importar. É por isso que precisamos desapegar.

É preciso desapegar de tudo. Desapegar da casa. Desapegar do carro. Desapegar dos romances. O desapego é a liberdade que vive reclusa na alma. A alma, por sua vez, vai desapegar um dia. E o que ela vai levar junto?

O desprendimento não faz você ser ruim. Afinal, ser ruim é um atributo bem específico. Não tem a ver com se agarrar com todas as forças em coisas da vida, só pra morrer no final e não saber o que vem depois.

O grande barato do desapego, suponho eu – alguém que sonha desapegar – está na sensação de neutralidade. É a verdadeira paz. É acordar cedo, mas sem se importar com o horário. É caminhar pela rua, mesmo tendo carro. É ver as ondas balançando e achar o entardecer bonito, mesmo que seu par esteja com o direct bombando no Instagram.

O desapego é experimentar o sublime da alma sem precisar morrer. Acho que essa é a terapia perfeita. Cura ansiedade, depressão e raiva. Tudo é o que estiver sendo. Porém, se não for, você não tem problema em deixar ser. Afinal, o desapego é o sopro divino da Criação.

Rafael Verdival – Advogado

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