A formação do primeiro escalão do futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) está causando desconforto entre os “caciques” do centrão, bloco de partidos formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. No centro do problema, o presidente eleito alijou os principais dirigentes do bloco das conversas para a composição dos ministérios, tratando as nomeações diretamente com deputados representantes de segmentos.
O modelo de gestão levantou críticas, como a do deputado federal baiano Marcio Marinho (PRB). “Bolsonaro está montando um governo sem fazer interface com a política”, ponderou. “Mas a gente sabe que isso aqui (Congresso) tem vida própria, nós representamos a todos no Congresso, são muitas demandas. Em determinado momento, acho que terá que ser repensado”, afirmou o baiano que é ex-líder do PRB e integrante da comissão executiva do partido.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o episódio mais recente de sondagem direta de Bolsonaro que incomodou os líderes partidários foi justamente com um quadro do PRB. O capitão consultou Celso Russomanno (PRB-SP), cotado para uma pasta que reuniria Esporte, Turismo e Cultura, sem o conhecimento do presidente da legenda, Marcos Pereira. O dirigente do PRB ficou irritado com a abordagem ao deputado e apresentador de TV.
Em outro exemplo de linha direta com os parlamentares, a indicação dos ministros do DEM, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura), também causou ruído na legenda, que resiste a integrar oficialmente o governo.
O núcleo do Centrão (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade) preteriu Bolsonaro no primeiro turno das eleições e apoiou o tucano Geraldo Alckmin (PSDB), que obteve 4,76% dos votos válidos.
por Nicola Pamplona | Folhapress