A maioria das transmissões de dengue ocorre dentro ou perto de casa. Além disso, casos inter-relacionados acometem pessoas que moram a 200 metros umas das outras, distância equivalente a dois quarteirões. As descobertas foram publicadas na revista científica Science. Pesquisadores da Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, sequenciaram os vírus de 640 infecções de dengue ocorridas entre 1994 e 2010, em Bangcoc, na Tailândia, em áreas com diferentes densidades populacionais. Eles, então, cruzaram as informações com um mapa da residência dos indivíduos afetados. O resultado foi revelador. Entre as pessoas que viviam a até 200 metros de distância entre elas, 60% foram contaminadas pela mesma corrente de transmissão, isto é, por um vírus recentemente introduzido na área. Já entre aquelas que moravam a 5 quilômetros de distância, a corrente era semelhante em apenas 3% dos casos. De acordo com os estudiosos, em uma mesma temporada de contágio, 160 correntes de transmissão diferentes circulam simultaneamente em Bangcoc. A diversidade é menor em áreas com maior densidade populacional. Entender o processo de transmissão da doença pode ajudar a elaborar estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de dengue, chikungunya, febre amarela e zika vírus. Algumas medidas possíveis são monitorar focos do inseto em locais de alta contaminação e vacinar os moradores nessas áreas. Em 2016, a dengue infectou cerca de 1,5 milhão de brasileiros e provocou mais de 600 mortes.