Os restos de pelo menos 19 onças foram apreendidos em uma operação policial feita no início da semana passada, em uma casa no município de Curionópolis, no Pará. Segundo as autoridades locais, o caso é o maior crime contra a fauna já ocorrido na região e provavelmente está ligado a uma rede de tráfico de animais silvestres. Na casa, foram encontradas em um freezer cinco cabeças decepadas de onças-pintadas, cinco couros de onças-pintadas e uma de onça-preta ainda com as cabeças e 25 patas de diversas espécies de onças, além de outras partes de carcaças. A polícia chegou ao local após denúncia de que havia comércio ilegal de armamentos na casa. Além dos restos de onças abatidas, foram apreendidos também aves em gaiolas, armamentos e munições. Três homens foram presos, mas dois foram liberados sob fiança na segunda-feira. O material agora está sob custódia do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra a Floresta Nacional (Flona) de Carajás, a 40 km de Curionópolis. De acordo com Frederico Drumond, chefe da Flona de Carajás, os fragmentos correspondem a pelo menos 19 onças, mas análises moleculares de DNA poderão apontar o número exato. “Há pelo menos uma jaguatirica, duas onças-pardas e 16 onças-pintadas. É com certeza a maior apreensão de grandes felinos da região e, talvez, do Brasil”, disse à reportagem. Segundo ele, é provável que os animais sejam provenientes de diversas áreas. “A onça é um animal solitário e territorialista que circula em áreas muito grandes. É uma quantidade de onças muito grande para um só lugar. Certamente elas vieram de regiões distintas”, disse Drumond. Vários indícios sugerem tráfico de animais silvestres. “A forma como o material foi preparado e guardado não condiz com o que fazem caçadores.”