Brasil tem ‘democracia madura’ para enfrentar a crise, dizem EUA
O governo americano reagiu com cautela ao afastamento iminente da presidente Dilma Rousseff pelo Senado. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, repetiu nesta quarta (11) que os EUA confiam nas instituições brasileiras, conforme o presidente Barack Obama reiterou durante sua viagem à Argentina, no fim de março.
“O Brasil tem um sistema de leis, tem uma democracia madura e estabelece um sistema para resolver esses conflitos políticos dentro do país”, disse Earnest ao ser questionado sobre a votação no Senado durante a entrevista diária na Casa Branca.
Para o porta-voz, é inegável que o Brasil vive um momento “desafiador” e que está “sob os holofotes internacionais” devido à proximidade das Olimpíadas do Rio. “O Brasil está sob certo escrutínio e sob certa pressão, e os EUA estarão à disposição para apoiar nosso amigo e parceiro, enquanto ele lida com os desafios significativos que está encarando neste momento”, afirmou.
Earnest disse que não iria julgar alegações específicas de um ou outro político brasileiro, mas indicou que os EUA consideram que o processo no Congresso segue as normas.
“Nós obviamente acreditamos que essas instituições democráticas foram estabelecidas por um motivo, e as regras que guiam a democracia devem ser seguidas”, disse. “Nós continuamos confiantes que com essas instituições democráticas o Brasil pode atravessar a confusão que vive hoje”.
A decisão do governo americano de receber o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) no dia seguinte à aprovação do impeachment na Câmara, no mês passado, foi considerada por alguns nos EUA como um sinal de simpatia a uma transição de poder no Brasil. Em Washington, Nunes esteve com Thomas Shannon, subsecretário de Assuntos Políticos do Departamento de Estado e ex-embaixador no Brasil.
Em um debate organizado nesta semana na capital americana por brasileiros que se opõem ao impeachment, Alex Main, especialista em América Latina, disse que o encontro indica no mínimo que o processo de impeachment tem “o apoio passivo” da Casa Branca.
Oficialmente, o governo americano tem buscado manter uma postura neutra, mas sem jamais questionar a legitimidade do processo contra a presidente. Questionado se uma eventual mudança de governo no Brasil poderia levar a uma melhora nas relações com os EUA, Earnest foi evasivo. Afirmou que a visita da presidente Dilma a Washington no ano passado foi marcada pela “coordenação efetiva” entre os dois países em uma série de temas, como a economia, a segurança nacional e a mudança climática.
“Conseguimos fazer um trabalho importante com om governo brasileiro e certamente estamos olhando oportunidades adicionais que estão disponíveis para cooperar ainda mais para obtermos progresso nas prioridades identificadas pelo presidente Obama”, disse.
Earnest falou também sobre a preocupação dos EUA com o surto do vírus da zika no Brasil, especialmente durante as Olimpíadas, e acrescentou que o governo americano ofereceu apoio às autoridades brasileiras.
“Obviamente eles estão trabalhando muito duro para garantir que todos os atletas de alto nível possam chegar ao Brasil em segurança”, afirmou o porta-voz. Segundo ele, ainda não está decidido se o presidente Obama irá assistir aos jogos no Rio. Com informações da Folhapress.