O investimento do governo na ampliação da reforma agrária é, neste primeiro ano da gestão de Dilma Rousseff, o menor desde 2001.
Até agora, foram usados R$ 60,3 milhões para desapropriar novas áreas e transformá-las em assentamentos de trabalhadores rurais sem-terra -uma queda de 80% em relação à cifra desembolsada no mesmo período do ano passado.
No auge do investimento em reforma agrária, em 2005, o governo Lula gastou R$ 815,2 milhões até julho.
Tanto em termos absolutos quanto em percentuais, esse é o valor mais baixo da era petista até julho.
Pelos mesmos critérios, o montante também é menor do que o registrado nos dois últimos anos do governo Fernando Henrique Cardoso.
Para fazer o levantamento, a Folha usou o sistema do Senado que acompanha a execução orçamentária federal, cujas informações mais antigas são de 2001.
Um símbolo do esvaziamento da reforma agrária, bandeira histórica do PT, é o plano para tentar erradicar a pobreza extrema até 2014, principal aposta de Dilma.
Cerca de 25% da população rural é extremamente pobre (pessoas com renda mensal de até R$ 70).
O Brasil sem Miséria quer impulsionar a regularização de áreas já ocupadas, melhorar a produtividade e facilitar a venda de mercadorias da agricultura familiar. Mas não contempla a expansão do acesso à terra.
A reforma agrária também quase inexiste na fala da presidente. Em uma das únicas vezes em que tocou no tema, Dilma se limitou a dizer que "acredita" na reforma, mas não disse o que fará por ela.{jcomments on}(Folha)