Avaliado em R$ 6 milhões, os recursos serão do Ministério das Cidades, com a participação do Governo do Estado.
O projeto contempla etapas de coleta seletiva e comum, reciclagem de materiais e utilizará as mais modernas técnicas disponíveis no Brasil nas áreas de compostagem e destinação final de resíduos.
A área onde funciona o atual lixão será completamente restaurada e através de modernas técnicas de separação de material usado, o resíduo plástico atualmente depositado no local, que em alguns casos demora até 500 anos para se decompor, será reaproveitado.
Mas o que fazer, então, com o pessoal que atua diretamente com a coleta de resíduos e materiais reaproveitáveis, e que vivem dessa atividade, no lixão, há muitos anos?
Preocupado com o destino de 42 famílias que dali retira o sustento a prefeitura já começa a examinar as várias possibilidades que estão sendo apresentadas.
Uma delas foi discutida na manhã desta segunda-feira, 09, com os maiores interessados: Os catadores.
Uma empresa que já atua na compra de material selecionado pelos catadores do lixão, está propondo, com o apoio do município, que o Estado/Sudic lhe entregue um galpão existente no local.
George de Souza Araújo, proprietário da empresa, que a cerca de dois meses foi transformada em uma associação de catadores, quer também uma área de terras com cerca de quatro mil metros quadrados, a ser doada pela prefeitura. Será depósito de material a céu aberto.
Pelo que foi dito na reunião pelo empresário, há inúmeras vantagens. Para eles. Os catadores não levam nada.
À pergunta: O que os senhores oferecem em contrapartida para a doação, pelo Estado/Sudic do galpão? Nada.
Qual a garantia que os senhores oferecem que estas 42 famílias serão aproveitadas quando do início das operações da empresa de vocês aqui no Galpão doado? Nenhuma.
Ou seja: A empresa quer se livrar de um pesado aluguel, já que estão localizados em um terreno particular nas proximidades do Colégio Deocleciano, contas de energia, água, impostos, etc., fugindo dos custos criando uma associação a pretexto de usar a mão de obra dos catadores e não oferecem nada em troca.
Diz o ditado popular que o grande mau do sabido é achar que os outros são bestas. Na reunião desta segunda-feira, o que se viu foi exatamente isso. Empresários querendo se dar bem à custa de pessoas simples e humildes. E do Estado e do município. Mais um.
E ainda se utilizando de um artifício deveras conhecido: Você tem uma empresa, quer fugir dos impostos e custos operacionais. Cria uma associação dentro da atividade que você opera, reúne alguns incautos e ...Maravilha. Continua operando, obtendo lucros e com a fachada de entidade beneficente.
Bacana, maravilhoso. E o Estado e o Município, à posteriori, que banque a remoção, organização e locação dos catadores para outras atividades, ou dê-lhes algum destino. Simples assim.
Enquanto acontecia a reunião, alguns dos catadores conversaram em paralelo com a reportagem e disseram que, antes de convocar a prefeitura e os catadores para debater a proposta, o empresário George Araújo esteve no domingo reunido com eles.
Prometeu-lhes melhores condições de vida, melhor preço na aquisição do material catado, etc., se eles aprovassem, na reunião com a prefeitura e uma outra com o Estado/Sudic a transferência do Galpão para a empresa.
Deduz-se daí as boas intenções do empresário, caso a prefeitura e a Sudic aprovem a idéia ilegal e imoral do moço em se apropriar de um bem construído com recursos do povo, para uso coletivo, para aumentar os lucros da sua empresa, no que pese o temor dos catadores em sofrer represálias.
Este empresário dono da Jacobina Reciclagem é o único a operar com a compra de material reciclado pelos catadores.
A explicação foi dada por um catador que pediu por tudo para não ser identificado e muito menos fotografado.
Tempos difíceis e de espertezas que não levam a nada. E fica a pergunta mais difícil de ser respondida: Será que alguns empresários acreditam tão abertamente que ainda há pessoas ingênuas no mundo? Ou que a prefeitura e a Sudic são formadas por bocós?