Praticar atividade física com vídeos da internet pode provocar lesões graves

Vídeos e apostilas feitos por atletas amadores e disponibilizado na internet com técnicas para ampliar a performance no esporte têm se tornado alvo preferido de jovens que procuram alternativas baratas para se tornarem melhores profissionais. Porém, especialistas ouvidos pelo R7 alertam para os perigos da prática de atividade física sem orientação profissional.

Segundo o diretor da Sbmee (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), Ricardo Munir Nahas, fazer atividades físicas sem orientação adequada poderá provocar lesões graves e até doenças crônicas, problemas que poderão acompanhar o paciente para o resto da vida e terminar com o sonho de uma carreira no esporte. 

— É muito complicado abrir um vídeo na internet e usar aquilo para si mesmo, porque você não conhece os limites do seu corpo e nem sabe quem é a pessoa que criou aqueles exercícios. As consequências poderão ser lesões graves (que são luxações e fraturas expostas) e as lesões leves, que permitem que a pessoa continue aquele esforço e, se ela persistir, poderá ter consequências graves e danosas. Pode chegar a uma artrose, por exemplo, comprometer a articulações. 

As doenças crônicas são causadas por pequenos traumas que vão se acumulando e formam um quadro de incômodo constante para o paciente. Um dos sinais de que há algo errado é a dor, explica o especialista.

— Eu costumo dizer que dor é um sinal de alerta e ela permite que a doença se agrave, porque a pessoa acha que o incômodo vai passar. Então, na hora que ela procura o atendimento médico é porque já piorou. A atividade física saudável não dói. Se toda vez que a pessoa pratica um exercício físico ela tem a mesma dor é porque existe um problema. E a tendência é ir se agravando com o tempo. Quanto mais rápido você trata, mais rápido você pode se recuperar e evitar lesões mais graves. A pessoa tem que se conhecer primeiro antes de fazer qualquer tipo de atividade física, por mais simples que seja. 

Se não tratados com rapidez e corretamente, o ortopedista e médico do esporte do hospital Albert Einstein Cássio Trevizani alerta que os transtornos podem levar o atleta a abandonar o esporte. Entre as principais doenças crônicas que estão sujeitos os atletas amadores que fazem exercícios de impulsão estão a tendinite patelar, caracterizada pelo inchaço do tendão patelar, e a condromalácia (desgaste da cartilagem do joelho), além de lesões graves, como o rompimento de tendões e ligamentos e fraturas por estresse, alerta o especialista.

— Lesões no ligamento e no tendão são graves porque mudam a anatomia do corpo, e precisam de procedimentos cirúrgicos para serem reparados. Se a pessoa tiver uma lesão crônica que fique sintomática, ela vai ter dor e provavelmente não vai conseguir exercer movimentos com aquela região afetada, o que pode fazer com que o atleta não consiga mais praticar o esporte.

Por isso, além de buscar ajuda de personal trainer ou professor de educação física para realizar as atividades mais adequadas para o seu corpo, Trevizani ressalta a importância de se definir treinamentos adequados para o nível de cada atleta.

— Se você é um atleta de baixo desempenho, não adianta querer fazer um treinamento para atletas de alto desempenho porque você vai se machucar. É por isso que para se tornar profissional o atleta precisa desenvolver a prática desde criança, para aumentar a capacidade do corpo de aguentar as cargas de exercícios. A minha recomendação é: se sentir dor, diminua a carga do treinamento e procure um ortopedista. (R7)

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