Governo sai do isolamento para evitar mais derrotas no Congresso

Após semanas acuado, o governo colocou em campo nesta terça-feira, 23, sua estratégia para reaglutinar a base aliada e evitar mais derrotas no Congresso. O primeiro resultado prático foi o adiamento da votação do veto da presidente Dilma Rousseff à proposta de reajuste de 6,5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para 2015, que estava previsto para ser apreciado nesta terça-feira, 24.O anúncio do adiamento foi dado por quem impôs neste ano as mais significativas derrotas ao governo no Legislativo: o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Após um encontro com o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante – que se deslocou até a residência oficial da Câmara para encontrá-lo -, Cunha afirmou que ainda não havia vencido o prazo regimental de 30 dias para que o veto fosse apreciado. “Ainda não está trancando a pauta”, justificou.O peemedebista explicou que conversou com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e que o assunto provavelmente entrará na pauta de votação da próxima semana. Procurou, contudo, demonstrar que o gesto não significava submissão ao governo. Lembrou que só após a votação do veto sobre a correção da tabela do IR será possível votar o Orçamento de 2015. Ele negou que o governo tenha pedido para retirar o assunto de pauta. “Não foi nenhuma articulação nem contra e nem a favor”, insistiu. Na conversa, Cunha também relatou a Mercadante insatisfação com a estratégia do governo de acuar o PMDB a partir do fortalecimento do novo partido ainda em criação pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab. Também condenou a forma como o governo atuou em favor do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) na eleição para a presidência da Câmara, vencida por Cunha no dia 1 de fevereiro. (Agência Estado)